sexta-feira, abril 13, 2012

Exposições BD avulsas (XV)



Jogo da Glória. O Século XX Malvisto pelo Desenho de Humor, extenso e algo enigmático título de uma exposição que abrange caricaturas, cartunes e bandas desenhadas, numa extensa galeria do Palácio da Cidadela de Cascais, em iniciativa apoiada pelo Museu da Presidência da República.

Trata-se de uma excepcional mostra, dividida em vários módulos, cujos títulos tendem a agrupar por temas as numerosas peças expostas. Por exemplo:

Comédia Portuguesa, Morte, Guerra, Rostos, Auto-retrato, Bandeira Nacional, Álbuns, Zé Povinho, Censura, Salazar, Presidentes, todos estes subtítulos remetem para assuntos bastante diversificados, centrados em revistas ou jornais satíricos, designadamente Sempre Fixe e Os Ridículos, com reproduções de ambos os jornais.

São igualmente focadas correntes artísticas (Surrealismo e Modernistas), e artistas que marcaram as respectivas épocas com as suas realizações artísticas, casos de Rafael Bordalo Pinheiro (Raphael Bordallo Pinheiro,na grafia de 1900), Cotinelli Telmo, Stuart de Carvalhais, Almada Negreiros, Alonso, Amarelhe, Carlos Botelho, entre muitos outros.

Também autores mais recentes estão representados nesta abrangente selecção, designadamente Relvas, Nuno Saraiva, Cristina Sampaio, Luís Afonso, André Carrilho, José Bandeira, António, Rui Pimentel, Zé Manel.

Os textos, de grande qualidade literária e demonstrativos de vastos conhecimentos nestas áreas, são de João Paulo Cotrim, que aproveita sempre - honra lhe seja feita - para mencionar a Banda Desenhada.

Vejam-se os seguintes excertos, retirados do programa (o catálogo apenas será distribuído hoje, dia 13 de Abril, pelas 18h30):

Sempre Fixe - Iniciado por Pedro Bordallo, na mesma casa editora do não menos seminal Diário de Lisboa, em 1926,neste semanário [há] a provocação modernista de Almada Negreiros (que nele publicou bd), a elegância de Jorge Barradas (...) e o preciosíssimo "diário gráfico" de Carlos Botelho in Os Ecos da Semana (que também eram bandas desenhadas, digo agora eu, bloguista).

Mais informa Cotrim, dando destaque à BD:

Comédia Portuguesa - "Cotinelli Telmo, um arquitecto de renome, que foi também autor de banda desenhada (...)"

Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) - "Bordalo foi único. Como genial se tornou ao criar (fundando, desenhando, escrevendo) a sua imprensa, a fazer explodir o desenho de humor, fosse ele cartoon ou caricatura, ou essa "nova" linguagem que então se afirmava definitivamente: a narrativa gráfica (ou banda desenhada).

Stuart de Carvalhais "(...) fez-se cineasta pioneiro, criou Quim e Manecas,as mais duradoiras personagens da banda desenhada nacional (...)"

Jogo da Glória. O Século XX Malvisto pelo Desenho de Humor
Palácio da Cidadela de Cascais
26 Nov. a 15 Abril
Horário:
Quarta a Sexta-feira - 11h00 - 17h00
Sábado e Domingo - 10h00 - 18h00

Esta exposição assenta na colecção Ricon Peres

Ver mais pormenores em:
http://www.museu.presidencia.pt

ADENDA
(Texto incluído a posteriori)

Dia 13 de Abril, sexta feira, foi finalmente lançado o catálogo da mostra "Jogo da Glória. O Século XX Malvisto pelo Desenho de Humor".

Ora o catálogo de uma exposição é dela o complemento e o prolongamento visíveis, e a garantia de registo para o futuro.

No caso presente - e lamentando a data tardia do lançamento -, é justo salientar a elevada qualidade da peça, com excelente aspecto gráfico e notável conteúdo literário, de diversas autorias, das quais destaco João Paulo Cotrim, Manuel San-Payo, António Costa Santos, Carlos Fiolhais.

Catálogo da exposição "Jogo da Glória. O Século XX Malvisto pelo Desenho de Humor"
Volume cartonado
Número de páginas: 416 (papel de 115g/m2)
Textos ilustrados a cores e a preto e branco
Tiragem: 1250 exemplares
Preço: 25€00
Editor: Museu da Presidência da República

---------------------------------------------------------------------------
Os visitantes deste blogue que, por mera curiosidade, queiram ver os restantes catorze "posts" do presente tema, poderão fazê-lo clicando no item Etiquetas: Exposições BD avulsas, visível no rodapé

7 comentários:

Pedro Moura disse...

Olá, Lino.
Não leve a mal, que eu sei que não há mais ninguém que preze a língua portuguesa como o GL, mas olhe que não é "cartune", é "cardume"!
;)
Pedro Moura

Geraldes Lino disse...

Viva, Moura
Eu opto deliberadamente por escrever "cartune" e "cartunista" em vez de "cartoon" e "cartoonista", porque também escrevo (e presumo que você escreve da mesma maneira)"futebol" em vez de "football" e "futebolista" em vez de (hipótese, na mesma ordem de ideias) "footebolista", "bife" em vez de "beef", "jipe" em vez de "jeep".

Escrever "cartoonista" parece-me um aborto linguístico, meio inglês meio português, além de pretensiosismo provinciano.
Geraldes Lino

Pedro Moura disse...

Caro Geraldes, como depreende do tom, estava a brincar, mas eu vou continuar a ser um pretensioso provinciano.
Abraços,
Pedro

Geraldes Lino disse...

Caro Pedro
Fiquei na dúvida se você estaria a brincar ou a falar a sério. E ainda estou, o seu presente comentário é algo sintomático.
Quanto a mim, respondi a sério.
E devo dizer-lhe que me surpreende a sua defesa da grafia "cartoonista".
Como sabe, escrever "cartunista" não tem nada a ver com o novo Acordo Ortográfico, julgo que não seja por isso a sua repulsa por esse aportuguesamento. De facto, o verbete com este aportuguesamento já existe há anos no dicionário da Porto Editora, o mais fiável dos dicionários da Língua Portuguesa, na minha opinião.
E falo em provincianismo porquanto a tendência portuguesa de usar vocábulos estrangeiros na escrita (e não só) é sintomática de um certo tipo de desejo de mostrar estatuto.
O que não é o seu caso.
Abraço.

Geraldes Lino disse...

Caro Pedro
Fiquei na dúvida se você estaria a brincar ou a falar a sério. E ainda estou, o seu presente comentário é algo sintomático.
Quanto a mim, respondi a sério.
E devo dizer-lhe que me surpreende a sua defesa da grafia "cartoonista".
Como sabe, escrever "cartunista" não tem nada a ver com o novo Acordo Ortográfico, julgo que não seja por isso a sua repulsa por esse aportuguesamento. De facto, o verbete com este aportuguesamento já existe há anos no dicionário da Porto Editora, o mais fiável dos dicionários da Língua Portuguesa, na minha opinião.
E falo em provincianismo porquanto a tendência portuguesa de usar vocábulos estrangeiros na escrita (e não só) é sintomática de um certo tipo de desejo de mostrar estatuto.
O que não é o seu caso.
Abraço.

Geraldes Lino disse...

Pedro Moura
Voltando ao diálogo, esclareço: claro que percebi que, por brincadeira, você fez um trocadilho entre cartune e cardume.
O que me pareceu não ser a brincar foi a crítica implícita ao vocábulo cartune.
E não estava errado: no seu segundo comentário, está bem perceptível a sua rejeição à grafia que usei, aportuguesada, para o vocábulo inglês "cartoonist", em oposição ao esquisito aportuguesamento "cartoonista".
Tenho o Pedro Moura como pessoa de sólida cultura em diversas áreas, nas quais se inclui a banda desenhada - é um prazer ler as suas críticas, sendo algumas autênticos ensaios, no blogue "Ler BD".
Ora nessa qualidade de pessoa inteligente e culta, gostaria que, a propósito dos aportuguesamentos "cartunista" e "cartune", que perfilho, me dissesse, a propósito da sua preferência por "cartoonista", como definiria você a respectiva actividade. Ou seja: um cartoonista faz o quê: "cartoones"?
Abraço.
GL

Geraldes Lino disse...

Pedro Moura
Voltando ao diálogo, esclareço: claro que percebi que, por brincadeira, você fez um trocadilho entre cartune e cardume.
O que me pareceu não ser a brincar foi a crítica implícita ao vocábulo cartune.
E não estava errado: no seu segundo comentário, está bem perceptível a sua rejeição à grafia que usei, aportuguesada, para o vocábulo inglês "cartoonist", em oposição ao esquisito aportuguesamento "cartoonista".
Tenho o Pedro Moura como pessoa de sólida cultura em diversas áreas, nas quais se inclui a banda desenhada - é um prazer ler as suas críticas, sendo algumas autênticos ensaios, no blogue "Ler BD".
Ora nessa qualidade de pessoa inteligente e culta, gostaria que, a propósito dos aportuguesamentos "cartunista" e "cartune", que perfilho, me dissesse, a propósito da sua preferência por "cartoonista", como definiria você a respectiva actividade. Ou seja: um cartoonista faz o quê: "cartoones"?
Abraço.
GL