quarta-feira, julho 08, 2015

Improvisos na Toalha de Mesa


Podem alguns visitantes deste blogue achar estranho que, desta vez, apenas apareçam três desenhos improvisados na toalha de mesa (da autoria de André Pereira, Dileydi Florez e Pedro Correia, de cima para baixo). 

Tenho duas razões. A primeira é a seguinte: já possuo uma colecção bem volumosa deste tipo de ilustrações traçadas por autores de banda desenhada, presentes na Tertúlia BD de Lisboa, em especial, mas também no Festival BD de Beja.
E decidi, de agora em diante, em qualquer desses dois locais, apenas aproveitar desenhos de autores dos quais ainda não tenha nenhum.

A segunda razão tem a ver com o facto de eu ter transmitido, não intencionalmente, o vírus a vários amigos bedéfilos, um dos quais, João Vidigal,  assíduo participante na citada tertúlia, já se tornou um compulsivo coleccionador destes improvisos. 
 
Aliás, a propósito deste tipo de coleccionismo escrevi um artigo, publicado no Splaft! Caderno da Bedeteca de Beja (nº11, Maio de 2015), que reproduzo em seguida.

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Improvisos na Toalha de Mesa
Geraldes Lino
Militante da BD e dos Fanzines

Desenhar numa toalha de mesa o que lhes vem à cabeça é uma incontrolável pulsão que domina a maioria dos ilustradores/autores de BD enquanto esperam pela refeição ou mesmo depois de a terminarem.
Há bastantes anos que venho aproveitando os resultados gráficos dessas pulsões, em grande parte nos encontros mensais da Tertúlia BD de Lisboa, mas também no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, cujas características espaciais facilitam uma fácil relação convivial com autores de BD portugueses e estrangeiros, que se prolonga nos repastos.
Tanto num como noutro evento, a recolha dos desenhos improvisados nunca obedeceu a rigoroso critério selectivo. Duma maneira geral, este colector rasga todos os pedaços de toalha de papel que ficaram rabiscados. 
A presente exposição (*) é sintomática dessa abrangência, onde tanto se incluem desenhos algo rebuscados, até coloridos, como aqueles essencialmente espontâneos, por vezes traçados entre nódoas de gordura, vinho ou café.
Obviamente que na minha colecção, a maioria dos rabiscos é da autoria de ilustradores/autores de BD portugueses. Mas nela coexistem uns tantos de autores estrangeiros que, em alguns casos, se mostram surpreendidos com tão inusitado coleccionismo. Talvez até pensem que eles vão formar um acervo escondido ciosamente, o que não tem sido o caso.
Com efeito, entre 2000 e 2002 editei três números de um fanzine em modo de slimzine, formato A7, com o qual iniciei o título "Improvisos na Toalha de Mesa", preenchido com os desenhos mais pequenos e até com bandas desenhadas curtas realizadas em dimensões reduzidas.
Posteriormente, querendo dar aos novos improvisos alguma visibilidade pública, e assim compensar os seus autores, decidi afixá-los regularmente no meu blogue Divulgando Banda Desenhada (http://divulgandobd.blogspot.pt) numa rubrica homónima, em postagem inicial datada de 6 de Outubro de 2010.
E por fim - last but not the least - ocorreu-me sugerir a Paulo Monteiro, enquanto director do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, a hipótese de organizar na edição de 2015 daquele evento uma exposição, também sob o mesmo título, com parte desses improvisos, ideia que ele aceitou de imediato.
Numa descomprometida triagem, foram aproveitados desenhos da autoria de (por ordem alfabética) Ana Oliveira, André Caetano, André Oliveira, Andreia Rechena, Berberian, Bruno Ma, Bruno Silva, Carlos Faria, Carnot Júnior, Casimiro, Daniel Maia, David Rubin, Diogo Carvalho, Filipe Duarte, Fritz, Hugo Teixeira, Joana Afonso, Joana Morgado, João Ataíde, João Mascarenhas, João Sequeira, João Tércio, Jorge Coelho, Jorge Machado-Dias, José Maria Pimentel, José Smith Vargas, Klévisson Viana, Laerte, Laudo Ferreira, Lindomar, Marta Patalão, Miguel Falcato, Miguel Gabriel, Miguel Santos, Outro Nuno, Pedro Alves, Pedro Brito, Pedro Cruz, Pedro Manaças, Pedro Morais, Pedro Potier, Pedro Ribeiro Ferreira, Pepedelrey, Relvas, Ricardo Saúde, Ricardo Venâncio, Rossi, Rui Batalha, Rui Gamito, Sara Patalão, Shuang, Tché Gourgel, Tiago Ribeiro, Tommi Musturi, Véte e Victor Jesus.
Assim, por três distintas formas, as despretensiosas imagens esboçadas num frágil e improvável suporte, destinadas fatalmente a irem quase todas para o cesto dos papeis de vários restaurantes, em Lisboa e Beja, acabaram por ter três vezes imprevista repercussão pública.


(*) A citada exposição fez parte do XI Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, realizado entre 29 de Maio e 14 de Junho de 2015.
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Para o caso de alguém querer ver outras ilustrações improvisadas reproduzidas nas postagens anteriores, poderá fazê-lo clicando sobre o item Improvisos na Toalha de Mesa visível no rodapé  

2 comentários:

João Figueiredo disse...

Grande Mestre, mesmo que possas não ter sido tu a criar este colecçionismo, serás sempre o mais notável praticante...

Geraldes Lino disse...

Caro amigo João Figueiredo

Muito grato pelas tuas palavras. Tens andado desaparecido. Tu e a Adelina Menaia.
Já comecei a sentir a vossa falta. Abraços.